Biografia

BIOGRAFIA

REVERENDO AUGUSTO PAES DE ÁVILA

Nascido em vinte e oito de agosto de mil oitocentos e noventa e sete, em São José do Bom Jardim, Cacaria, no Estado do Rio de Janeiro; Augusto Paes de Ávila era o mais velho dos cinco filhos, sendo quatro homens e uma mulher; em lar humilde e pobre. Filho de Leopoldino Correia de Ávila e de dona Maria Paes de Ávila, começou a trabalhar com pouco mais de dez anos de idade junto com o pai numa das fábricas da Companhia Brasil Industrial de Tecidos de Paracambi.

Aos doze anos assume os encargos da casa com a morte do pai por peste bubônica. Ao final da II Guerra Mundial foi vítima da febre que assolava o país, assistido pela mãe extremosa que após recaída da gripe da qual se recuperava, veio a falecer de tuberculose. Augusto então se vê obrigado a distribuir seus irmãos entre parentes na cidade e parte para a cidade do Rio de Janeiro, a fim de seguir rumo ao Seminário Congregacional do Rio de Janeiro, que funcionava em tempo integral.

De mil novecentos e dezenove a mil novecentos e vinte e quatro, Augusto frequentou o curso de Teologia, formando-se Bacharel em dezembro de mil novecentos e vinte e quatro, orador da turma, proferiu magnífico discurso, publicado na íntegra no jornal “O Cristão”.

Em fevereiro de mil novecentos e vinte e cinco é licenciado para pastorar na Igreja Congregacional Paulistana no bairro do Brás no Estado de São Paulo, defende tese perante a Convenção Geral e é ordenado ministro em trinta e um de maio de mil novecentos e vinte e cinco. Ficou nessa Igreja por quatro anos. Casa-se em dez de junho de mil novecentos e vinte e cinco com dona Oscarina Espíndola, professora primária, permaneceram juntos nessa união por quarenta e cinco anos, tiveram sete filhos Ney, Gley, Lizete, Arlete, Ivany, Ivan e Luiz Elói. Auxiliou o trabalho pastoral acompanhando o trabalho do esposo enquanto lecionava no Grupo Escolar Auxiliadora da Instrução, faleceu em mil novecentos e noventa e quatro com noventa e um anos de jornada difícil e trabalhosa.

Cumprida a missão na Igreja do Brás, Augusto Paes de Ávila permutou o pastorado para a Igreja Evangélica Santista no Litoral do Estado, onde ficou por dezessete anos, criando a escola dominical, o salão de festas, biblioteca, secretaria entre outras. Evangelizou o litoral aos poucos (São Sebastião, Ilha Bela, Perequê, subiu a Serra dos Castelhanos), estabelecendo pontos de pregação que mais tarde tornaram-se Congregações; Vila Voturuá (S. Vicente); Santo André, Ponta da Praia; Santa Rosa (Guarujá) entre outros tantos.

Em Santos, Augusto fez de tudo para estabelecer vínculos de cooperação entre as comunidades que atuavam no município e região, nasce a União de Pastores Evangélicos de Santos, depois substituída pelo Conselho de Pastores que através de trabalhos cooperativos desenvolveu-se o Lar Evangélico de Amparo à Velhice de Santos.

Em vinte e quatro de junho de mil novecentos e trinta e nove, lançam através da Rádio Clube de Santos (antiga PRB4) programa evangélico Voz Evangélica, onde através do grande empenho de Augusto tornou-se popular, mensal e transmitido ao vivo todas as segundas feiras da dezoito horas às dezoito horas e trinta minutos. Fez o mesmo trabalho colaborando no Rio de Janeiro com a Voz Evangélica do Brasil na antiga Rádio Cruzeiro do Sul, na Rádio Mauá, na Emissora Continental, na Rádio Tupi e na Rádio Copacabana. Se todas as suas mensagens tivessem sido colecionadas dariam enormes volumes de material para conforto e edificação do povo de Deus e evangelização dos carentes da verdade.

Em mil novecentos e quarenta e seis transfere-se para o Rio de Janeiro deixando para trás uma grande Escola Dominical com mais de duzentos e vinte alunos.

No Rio de Janeiro assumiu a Igreja de Cordovil, fez parte do corpo docente do Seminário da Pedra de Guaratiba, abriu congregações e pontos de pregação nas favelas e bairros próximos.

Retornou à Baixada Santista em mil novecentos e cinquenta e sete, onde assumiu a Igreja de São Vicente; seria seu último trabalho. Dessa feita Augusto trabalhou no ministério pastoral por quatro anos no Brás, dezessete anos na Igreja Santista, dez anos em Ramos no Rio de Janeiro, um ano em Pedra de Guaratiba e treze anos em São Vicente.

Augusto gostava de escrever, tendo um estilo claro, objetivo, agradável, ameno. Começou com uma colaboração nas páginas do jornal “O Cristão”. Escreveu artigos devocionais e doutrinários, crônicas e notícias diversas, poesias e seleção de matéria publicada pela imprensa, religiosa ou secular, usando pseudônimos como APA, Ávila Sobrinho, Cacariense e Apolo, dando vazão ao seu gosto jornalístico comprovando a sua criatividade.

Nos órgãos evangélicos seus artigos foram para: “O Jornal Batista”, “O Brado de Guerra”, “O Expositor Cristão”, “Vida Cristã”, “O Exemplo”, entre outros tantos.

Em mil novecentos e vinte e sete assumiu a redação do jornal “Tribuna Cristã”, editado em Santos sob a égide da União Evangélica Regional Sul, circulando até mil, novecentos e vinte e nove. Por vezes foi redator e diretor do jornal “O Cristão”, além de assíduo colaborador da Revista do Professor da Confederação Evangélicas do Brasil.

Integrou o Sindicato dos Jornalistas no Rio de Janeiro e foi um dos sócios veteranos da Associação Paulista de Imprensa, fundada em mil novecentos e trinta e três.

Estudioso da Escatologia (doutrina sobre a consumação do tempo e da história e tratado sobre os fins últimos do homem) antes de falecer viu a publicação de seu livro “VENHO SEM DEMORA” cuja primeira edição esgotou rapidamente, mas infelizmente não pode concluir um manual de homilética (arte de pregar sermões religiosos). Possuía um diário pastoral onde escrevia anotações frequentes.

Augusto Paes de Ávila era leitor assíduo, deixou uma grande quantidade de livros em sua biblioteca particular, homem de atitudes simples, estudioso, gostava de escrever cartas aos parentes, amigos, políticos, frequentadores dos cultos levando sempre paz, conciliação, palavras carinhosas porém firmes, questionamentos, dúvidas e tristezas, indagações, entre outras tantas palavras que tão bem sabia escrever e proferir.

Em suas pregações sempre auxiliou os mais humildes não só com palavras mas com obras, obras estas que o tornaram conhecido, respeitado e digno das mais variadas homenagens.

Patrono da cadeira número Sete da Academia Paulista Evangélica de Letras cujo titular é o acadêmico Ivan Spíndola de Ávila (filho do Reverendo).

Abatido pelo falecimento do seu filho caçula em fevereiro de mil novecentos e setenta, Augusto passa por momentos de tristezas, dores e meditação. Numa quarta-feira do mês de julho vai ao templo para dirigir o culto e pregar, porém com fortes dores abdominais; no dia seguinte é internado no Hospital São José, em São Vicente, onde é operado de uma hérnia. Apesar de aparentemente estar se recuperando e tentar manter sua rotina diária de ler e recortar os jornais para cataloga-los e fazer suas costumeiras anotações, por volta da madrugada daquele dia veio à notícia de que uma trombose fulminante o havia levado deste mundo.

O Reverendo Augusto Paes de Ávila faleceu no dia vinte e nove de julho de mil novecentos e setenta, no Hospital São José em São Vicente, aos setenta e três anos de idade e após quarenta e cinco anos de pregação. Foi sepultado no dia trinta no Cemitério Areia Branca, em Santos, no túmulo cento e dez.

Por suas obras infindáveis, pregações confortadoras, professor confesso, abnegado em sua vocação e fé, o Reverendo foi homenageado através de fotos históricas e placas comemorativas em igrejas onde pastoreou em ramos, em São Vicente, na Igreja Santista, em Camilópolis e na Ponta da Praia onde figura como Pastor Honorário; no salão de cultos do Lar Evangélico de Amparo à Velhice de Santos; além de salas, bibliotecas, salões sociais, classes de Escolas Dominicais e seculares, registrando sua participação na obra educacional e filantrópicas; é também Patrono de ruas em Santos, São Vicente, São Paulo e também da nossa Escola.


Bibliografia:

Meu pai era Pastor – 1ª Edição – 1998.

(A propósito do Centenário de Nascimento do Reverendo Augusto Paes de Ávila)

Autor: Ávila, Ivan Spíndola de – da Academia Evangélica de Letras do Brasil; e da Academia Paulista Evangélica de Letras.

Edição: Gráfica Corav.

4 comentários:

  1. Muito bom conhecer as origens. Gostei.

    ResponderExcluir
  2. Nossa que show eu vivia pesquisando sobre esse cara, quando eu entrei na escola e só agora que vejo que tinha a biografia dele aqui

    ResponderExcluir
  3. Pequena correção: "Ao final da II Guerra Mundial foi vítima da febre que assolava o país..." - esse fato ocorreu ao final da I Guerra Mundial, em 1918.

    ResponderExcluir